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Cientistas de Oxford vão estudar os efeitos da cannabis medicinal contra a psicose

O estudo clínico será coordenado pelo departamento de psiquiatria de Oxford, que recebeu financiamento de 16.5 milhões de libras

Escrito por Talk Science

18 ABR 2023 - 06H10 (Atualizada em 26 ABR 2023 - 09H45)

Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, vão realizar uma pesquisa com alcance global para investigar se a cannabis medicinal é capaz de tratar pacientes com psicose diagnosticada ou tendência ao transtorno mental.

O estudo clínico será coordenado pelo departamento de psiquiatria de Oxford, que recebeu financiamento de 16.5 milhões de libras, mais de R$ 106 milhões, da organização de caridade Wellcome, que investe em pesquisas na área da saúde. A previsão é que os trabalhos comecem ainda este ano.

A pesquisa vai reunir mil pessoas de países da Europa e da América do Norte. Para participar, os voluntários precisam ter um quadro clínico de alto risco para psicose, ter passado por algum episódio relacionado ao transtorno ou já ter feito tratamento convencional sem resultados.

Os cientistas vão testar a resposta dos pacientes ao canabidiol, também conhecido como CBD. A substância, retirada da planta cannabis sativa, não tem nenhum princípio psicoativo, ou seja, não possui efeitos alucinógenos.

A psicose é um distúrbio mental em que a pessoa perde a conexão com a realidade e pode sofrer com alucinações. Quando um paciente está vivendo um episódio de psicose é comum que não consiga distinguir o que é fantasia do que é real. O transtorno aparece como um sintoma de doenças psiquiátricas como esquizofrenia ou depressão, mas também é comum em usuários de drogas.

O tratamento consiste, na maioria dos casos, em remédios antipsicóticos e estabilizadores do humor. Contudo, algumas pessoas podem não responder aos medicamentos convencionais. Se comprovada a eficácia, o canabidiol poderia se tornar uma alternativa para esses casos no futuro.

Uso do canabidiol para tratar outras doenças

O canabidiol já é usado em diferentes países do mundo como terapia para tratar depressão, Parkinson, entre outras doenças. No Reino Unido, o composto é liberado com restrições para o tratamento de casos graves de epilepsia, esclerose múltipla e para minimizar os efeitos de quimioterapia, como vômitos e náuseas.

Aqui no Brasil, a Anvisa retirou o canabidiol da lista de substâncias proibidas em 2015. De lá para cá, 23 produtos à base do princípio foram aprovados pela agência reguladora. O acesso só é permitido com receitas e laudo médico. Como os remédios são importados, o custo ainda é alto.

Mesmo sendo caros, existe uma demanda de pacientes brasileiros e os pedidos vêm crescendo anualmente. Dados do Portal Cannabis & Saúde mostram o crescimento de 342,3% nas vendas de produtos à base de cannabis nas farmácias do Brasil desde 2018.

A Anvisa já concedeu mais de 150 mil autorizações com prescrições para tratamento de epilepsia, autismo, depressão, Parkinson, Alzheimer e glaucoma.

No caso do estado de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas acaba de sancionar uma lei que prevê a distribuição gratuita de remédios à base de cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Avanço no campo científico

Cientistas brasileiros estudam as propriedades da cannabis medicinal para alívio de sintomas de outras doenças. O Hospital Albert Einstein recebeu autorização da Anvisa para investigar os efeitos de um medicamento à base de compostos da cannabis em pacientes com enxaqueca crônica. O estudo vai envolver 110 pessoas, que serão acompanhadas por 16 semanas.

No fim do ano passado, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) conseguiu autorização da Anvisa para plantar a cannabis para fins científicos, em ambiente fechado e com acesso restrito. Pesquisadores vão estudar fórmulas para combater transtornos psiquiátricos e neurológicos.

Essa foi a primeira vez que a agência reguladora liberou o plantio para pesquisa científica. Antes disso, a Universidade Federal de São João Del-Rei, em Minas Gerais, tinha conseguido autorização, mas apenas para cultivo in vitro.

Fonte: The Guardian, Canaltech, Instituto de Psiquiatria Paulista, Agência Brasil e Jota.Info

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