Indústria Cosmética

A revolução nanotecnológica no universo dos cosméticos

Escrito por Talk Science

14 FEV 2024 - 10H10

O mundo moderno não cansa de nos surpreender com uma série de novas tecnologias que estão impactando nosso modo de vida de diversas formas e o universo do autocuidado e da cosmetologia não poderia ser diferente. Neste cenário, a nanotecnologia emerge como um elemento revolucionário, oferecendo possibilidades inovadoras para o desenvolvimento de produtos mais eficazes e personalizados.

A nanotecnologia pode ser definida de maneira simples como a “tecnologia das estruturas, dispositivos e sistemas em escala nanométrica”. E quando nos referimos à escala nanométrica estamos falando de alguma coisa incrivelmente pequena, na escala do bilionésimo do metro. E diferentemente de outras tecnologias como os computadores quânticos e os veículos autônomos que ainda não fazem parte de nosso dia a dia, os cosméticos já são uma realidade no mercado mundial e também no brasileiro.

Já é possível, por exemplo, criar partículas extremamente pequenas de ingredientes ativos cuja penetração é facilitada para acesso às camadas mais profundas da pele, o que melhora sobremaneira a eficácia do produto. É o caso das nanocápsulas de retinol para produtos anti-aging, que são bem mais efetivos em reduzir linhas finas e rugas causando menos irritação quando comparado às formulações tradicionais.

Além de aumentar a eficácia dos produtos, os cosméticos com ativos nanoestruturados podem ainda diminuir a necessidade de reaplicações frequentes, na medida em que são capazes de liberar os ingredientes ativos de forma controlada ao longo do tempo. Por exemplo, protetores solares com nanotecnologia que liberam filtros UV de maneira prolongada garantem proteção duradoura contra os raios solares com menor número de aplicações ao longo do dia.

A sensorialidade dos produtos também pode ser melhorada com o emprego da nanotecnologia. Bases e primers com nanopartículas que proporcionam um acabamento mate e suave, minimizando a aparência dos poros sem deixar a pele com sensação oleosa ou pesada já são uma opção mercadológica real.

Outro aspecto importante a ser destacado é a possibilidade de aumentar a estabilidade das formulações cujos ativos são particularmente sensíveis à luz, oxigênio ou pH. Isso assegura que o produto mantenha sua eficácia por mais tempo, mesmo sob condições adversas de armazenamento ou uso. Vitaminas como a vitamina C são notoriamente difíceis de se estabilizar. Entretanto, se encapsulada em nanopartículas para aumentar, ela passa a ser mais estável e eficaz quando empregada em cremes, por exemplo.

Com a nanotecnologia, é possível também desenvolver produtos que oferecem múltiplos benefícios em um único produto. Para isso é necessário combinar diferentes tipos de nanopartículas, cada uma carregando um ingrediente ativo diferente. Assim, pode-se produzir cremes faciais que oferecem hidratação, proteção solar e efeitos anti-aging graças à combinação de nanopartículas carregando respectivamente ácido hialurônico, filtros UV e peptídeos.

Como se pode ver, as vantagens técnicas do emprego da nanotecnologia em produtos cosméticos são óbvias e já são uma realidade. Fato é também que essas melhorias se traduzem também em vantagens mercadológicas, uma vez que a capacidade de oferecer produtos com eficácia superior e resultados mais visíveis ao consumidor final eleva a percepção de valor desses itens. Além disso, a inovação e a diferenciação de produto proporcionadas pela nanotecnologia fortalecem a posição competitiva das marcas no mercado, atraindo novos consumidores e retendo os já existentes. Perspectivas futuras da nanotecnologia, como uma maior possibilidade de personalização de tratamentos, abrem novas oportunidades de segmentação de mercado e criação de nichos específicos, potencializando ainda mais o faturamento das empresas.

Finalmente, a incorporação da nanotecnologia em cosméticos não apenas impulsiona o desenvolvimento de produtos avançados, mas também se converte em estratégias comerciais vencedoras, ampliando significativamente as margens de contribuição e o crescimento sustentável do segmento.

Autor: Rodrigo Cassio Sola Veneziani, Professor titular na Universidade de Franca, especializado em fitoquímica, avaliação biológica, desenvolvimento de formulações e metodologias analíticas para produtos farmacêuticos e cosméticos. Vice-coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Talk Science, em Indústria Cosmética

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.