Transição capilar é crescente entre as brasileiras, mas ainda tem vasto caminho a ser explorado.
De acordo com o Google, as buscas sobre transição capilar (o processo de deixar o cabelo livre de química alisante ou relaxante) começaram a ser relevantes em 2013 e, até 2018, cresceram 2.300%. Até a metade de 2017, a procura por “cabelo crespo” foi 850% maior do que a registrada em 2006, quando o termo despontou no buscador.
Esses números confirmam como o movimento de aceitação e a busca pelo visual mais natural só crescem, muito motivados pelas novas gerações, que discutem fortemente o assunto. Nas prateleiras de produtos das lojas, também é possível notar cada vez mais opções para os cabelos cacheados, crespos ou em transição capilar.
Como a transição capilar cresce no Brasil?
A mulher pode passar pela transição capilar de duas maneiras: deixar o cabelo crescer e cortar aos poucos, ou realizar um corte, o chamado big chop, para retirar toda a parte dos fios que tem alisamento. Essa fase demanda uma certa paciência e cuidados da mulher, para aguardar o crescimento dos fios.
O processo de transição dos fios alisados para o uso da forma natural não é uma escolha apenas de estilo ou por beleza. A decisão, muitas vezes, está relacionada a um processo de afirmação da identidade, que provoca o aumento do reconhecimento, da aceitação pessoal e também da autoestima.
De acordo com o Dossiê Brandlab: A Revolução dos Cachos, do Google, uma em cada três mulheres dizem já ter passado por situações de preconceito por conta do cabelo. Além disso, quatro em cada dez mulheres já relataram ter sentido vergonha por ter cabelos cacheados.
A tendência de reconhecimento dos fios naturais tem maior destaque na nova geração. Na faixa etária de 18 a 24 anos, 24% das mulheres reconhecem o seu cabelo com cacheado. Quanto maior a idade da mulher, mais difícil de declarar na pesquisa os fios como cacheados.
Outro ponto importante é a busca das mulheres por conteúdos para cuidar dos cabelos naturais. Três em cada cinco mulheres cacheadas usam o YouTube para assistir aos vídeos com recomendações e dicas para aprender quais são os cuidados especiais que devem ser tomados com os fios cacheados e crespos.
Temporada destaque
O verão é uma das épocas mais propícias para o aumento da adesão à transição capilar. Geralmente, isso acontece porque as altas temperaturas podem ser incômodas para quem usa o secador ou a chapinha. Além disso, durante a estação também cresce o contato do cabelo com o mar e a piscina, em que as mulheres molham o cabelo com mais frequência.
Para Marina Fernandes, diretora de marketing estratégico da Dinaco, representante distribuidora de matéria-prima, o movimento de transição capilar no mercado cosmético pode ser entendido como uma derivação da beleza sem regras.
“O cabelo liso como ideal de beleza já não é unanimidade. Os padrões dão lugar à beleza singular, em um resgate da autoestima. Por isso vemos o consumidor buscar produtos que realcem sua própria beleza, em vez de ajudar a enquadrá-lo num estereótipo do belo”, opina a especialista.
Inovação e saúde
A Dinaco representa mais de 20 fabricantes mundiais de especialidades químicas e conta que recebe muitas demandas por inovações e ativos que atuem também como tratamento capilar.
“O cabelo da brasileira, que em sua quase totalidade passa por alisamentos ou (des)coloração, nos demanda produtos que tratem o sistema capilar como um todo, incluindo o couro cabeludo e a estrutura dos fios. Um de nossos produtos, o GENENCARE ® OSMS BA, por exemplo, cuida de toda a estrutura do fio do cabelo, do córtex à cutícula, além de hidratar e proteger o couro cabeludo.”, complementa.
Saiba mais sobre matéria-prima natural e saúde capilar
O que as mulheres querem com a transição capilar?
O Dossiê Brandlab: A revolução dos Cachos também mostrou insights para as marcas se comunicarem melhor com o público-alvo. Uma recomendação importante para as empresas é a preocupação em demonstrar expertise para tratar sobre cabelos cacheados e crespos.
A pesquisa apontou que 68% do público aguarda um posicionamento mais aberto e transparente sobre os claims — os diferenciais prometidos — dos produtos e como eles são feitos. Além disso, 58% do público revelou que prefere adquirir produtos de marcas que dialoguem por meio dos seus interesses.
A ideia é abrir espaço de participação e conversa com a empresa, para as mulheres se sentirem parte do processo. O levantamento mostrou ainda que 52% do público deseja que as marcas abram espaços de participação, a fim de se sentirem mais informados e envolvidos.
Com isso, é essencial que as empresas mantenham um canal de comunicação em que demonstrem autoridade no assunto de transição capilar. Além disso, as marcas devem investir na participação dos clientes, para conhecer os seus principais interesses e, dessa maneira, lançar produtos mais adequados aos seus desejos.
No momento da transição capilar, as consumidoras querem aprender a cuidar dos fios e também como lidar com o período de desafios enfrentados pela aceitação com o próprio cabelo. É essencial contar com a confiança de marcas que tenham produtos especializados para o tratamento dos fios cacheados e crespos.
Portanto, as companhias de cosméticos devem estar cada vez mais sintonizadas com a transparência na relação de consumo. As mulheres que querem fazer a transição capilar devem se sentir mais seguras em adquirir um produto que realmente cumpre com o que promete e que conta com todas as informações sobre os seus diferenciais.
Produtos beneficiados
Uma das empresas responsáveis por levar essa tecnologia às suas consumidoras é a Salon Line, referência no assunto no Brasil. Presente no mercado cosmético desde 1995, foi uma das primeiras a oferecer produtos para alisamento de fios crespos, e também uma das primeiras a perceberem que a consumidora desejava voltar às raízes.
“A Salon Line é uma empresa consolidada há bastante tempo no mercado e atuou por muitos anos antes do boom da transição capilar. Quando essa mesma mulher decidiu que talvez fosse a hora de voltar ao seu cabelo natural, nós acompanhamos essa jornada e começamos a desenvolver também produtos para o tratamento durante e após a transição capilar. Isso começou em 2014 para a gente”, explica Kamila Fonseca, gerente de marketing.
Para o desenvolvimento desses produtos, a empresa realizou diversas pesquisas com as próprias consumidoras com cabelos cacheados, a fim de entender suas necessidades. Além disso, foram realizados testes com produtos importados e desenvolvimento de formulações.
“Submetemos nossas consumidoras a testes cegos para que nos dissessem quais eram melhores, avaliamos quais cores elas mais gostavam para determinada necessidade. Hoje em dia, nosso processo já é bem mais rápido porque aprendemos muito ao longo dos últimos anos”, exemplifica a gerente.
A gestora do laboratório Salon Line, Rafaela Moretti, conta que a relação com a indústria de matéria-prima é boa e evolui em conjunto. “Sempre solicitamos novos ativos, a maioria dos fornecedores são multinacionais, então eles têm acesso a novas tendências que surgem em todas as partes do mundo, principalmente as que migram do skin care para o hair care”.
Troca de expertises
Ainda há um universo a ser explorado pelo mercado cosmético brasileiro. Atenta a essas novas demandas, a Lubrizol, uma das empresas representadas pela Dinaco, desenvolveu o Fixate Keratin, uma formulação semifinalizada com tecnologia livre de formaldeídos e de ácido glioxílico, sem fumaça irritativa e com pH amigável ao couro cabeludo.
O produto leva a tecnologia NPET (Novel Penetration Encapsulation Technology — nova tecnologia de penetração encapsulada) que ajuda os ativos a penetrarem no córtex do cabelo, transformando-o de dentro para fora. Resultados como redução de volume, controle de frizz e definição de cachos foram observados nos testes de laboratório e aplicação do produto.
Dentro do leque de empresas representadas, a Dinaco ainda tem mais quatro clientes que têm matérias-primas enquadradas na categoria “free from”, produtos que excluem ativos prejudiciais ao cabelo cacheado.
“A Dinaco trabalha em forte parceria com suas representadas, com o intuito de atender ao desafio de cada cliente. Explicamos aos fabricantes internacionais a especificidade do cabelo brasileiro, e como era necessário adequar o produto para este mercado”, diz Marina Fernandes.
“O Brasil ainda está engatinhando. Crescemos muito na parte de alisamento, em que o país é bem adiantado, mas para o restante, estamos no começo do que ainda pode ser feito e explorado”, conclui a gestora do laboratório Salon Line.
Cronograma capilar
Uma das principais recomendações é que as mulheres que passam por transição capilar adotem um cronograma capilar, que é uma agenda de cuidados com as madeixas. Esse cronograma deve ser cumprido com auxílio de produtos que promovam três etapas de tratamento: hidratação, nutrição e reconstrução.
O primeiro passo desse calendário é o processo de hidratar os fios, que deve repor nutrientes e a água dos cabelos. A segunda etapa é a nutrição, que é feita com o objetivo de criar uma espécie de barreira na estrutura dos fios, para manter a hidratação e deixar os fios mais brilhantes e macios.
A última fase desse cronograma é a reconstrução, que é realizada com a intenção de devolver a queratina perdida nos fios do cabelo. A finalidade da reconstrução é deixar o cabelo mais forte e ainda evitar que fiquem quebradiços.
Quais os principais produtos para a transição capilar?
Um dos estágios mais difíceis pelo qual a mulher passa durante a transição capilar é lidar com as duas texturas, alisada e cacheada ou crespa no cabelo. Quando a mulher escolhe não fazer o big chop, a raiz em crescimento e sem os processos químicos pode se destacar e dificultar a arrumação do cabelo.
É comum que a textura de cabelo natural apresente um maior volume, com a raiz mais alta no topo da cabeça. A estrutura alisada nas mechas do comprimento do cabelo pode fazer com que o visual cause incômodo à mulher. Por isso, muitas delas podem aderir a acessórios como turbantes e grampos para prender os fios.
Outro tópico importante é que os fios dos cabelos que estão no processo de transição geralmente têm uma estrutura mais quebradiça e ressecada do que o normal. Além das pontas, que já estão afetadas por processos químicos, os resquícios de procedimentos deixados nas madeixas influenciam o crescimento dos fios naturais.
É comum que, após a transição, a mulher observe que a curvatura dos cachos está em mudança. Esse processo de transformação pode demorar um tempo, porque o cabelo da mulher estará se libertando dos danos que foram causados aos fios pelo alisamento químico.
Por isso, é essencial que as mulheres dediquem mais cuidados para tratar os cabelos e garantir um crescimento mais saudável dos fios. Nesse período, é necessário apostar em produtos que devem promover a texturização do cabelo e minimizar os efeitos da transição capilar.
Babosa
A geleia que fica no interior da planta de babosa pode ser misturada ao creme de hidratação e aplicada nos cabelos. A substância pode promover uma hidratação profunda, evitar a queda e contribuir para o crescimento dos fios. Por isso, há uma variedade de produtos que contam com essa planta na composição.
Um exemplo é a linha Babosa da Salon Line, que é recomendada para dar mais força, hidratar e rejuvenescer os cabelos. A linha da marca é composta por shampoo, condicionador, máscara de hidratação, creme de pentear e gel de babosa, para oferecer um tratamento mais completo.
Óleo de coco
Outro item que está presente na rotina de cuidados das mulheres, principalmente as cacheadas e crespas, é o óleo de coco. Usado na composição de vários produtos para transição capilar, esse óleo pode tratar o couro cabeludo profundamente e deixar os cabelos mais fortes. A substância também protege os fios de danos externos.
Amido de milho
A fragilidade dos fios durante a transição capilar pode ser tratada com o amido de milho. A hidratação que apresenta esse produto na composição pode dar mais maciez e diminuir o volume dos fios do cabelo. A substância pode proporcionar mais força e brilho aos fios opacos, ao reconstruir a fibra capilar.
Queratina
A queratina é outra substância que faz muito bem às madeixas durante o período de transformação para a maneira mais natural. Um exemplo é a linha S.O.S. Cachos Rícino e Queratina Reparação Extrema da Salon Line. Essa combinação de queratina com óleo de rícino promove reconstrução e hidratação profunda.
A linha da Salon Line tem shampoo, condicionador, máscara de hidratação, creme de pentear e ativador de cachos, para oferecer um tratamento mais integral para os fios das mulheres durante a transição capilar. Assim, o cabelo ganha mais brilho e também fortalecimento.
Como desenvolver um novo produto para esse mercado?
Para desenvolver o projeto de um novo produto para transição capilar que atenda às mulheres crespas e cacheadas, é interessante seguir tendências do mercado e fazer pesquisas com o público. Confira os passos recomendados para criação de produtos a seguir!
Brainstorming
Inicialmente, você deverá cumprir o estágio de geração de ideias, em que pode ficar mais livre para obter vários insights. Para isso, é importante ter em vista e acompanhar as tendências mais atualizadas do mercado, o público-alvo e as metas estabelecidas da sua marca.
As ideias devem começar a surgir quando obtiver um maior entendimento das necessidades das consumidoras. A empresa também pode manter aberto um canal de comunicação para sugestões dos clientes e observar ainda quais são as novidades lançadas pela concorrência.
Seleção das ideias
Depois da etapa de geração de ideias, é necessário avaliar e escolher as que têm mais chances de serem colocadas em prática e contam com melhores condições de dar retorno econômico. Alguns critérios como orçamento e viabilidade técnica podem ser considerados.
Pesquisas
Para examinar melhor o potencial das ideias selecionadas, é fundamental realizar pesquisas internas e externas, a fim de compreender se as consumidoras realmente comprariam esse produto. Essa etapa serve para saber se essa ideia corresponde à solução de uma necessidade da clientela.
Estudo de viabilidade
Depois que o produto for aprovado na etapa de testes, deve ser realizada uma avaliação dos custos, para projetar o retorno sobre o valor que precisará ser investido. Nesse estágio, também podem ser feitas análises sobre as condições do público-alvo e da concorrência. Com isso, será possível montar um plano com estratégias de comercialização.
Desenvolvimento
Já na parte de desenvolvimento, o projeto criado será colocado em prática, conforme todos os estudos realizados. Nesse estágio, também entram ações como a criação da embalagem, a fabricação do próprio produto e os tópicos relativos a patentes e licenciamentos.
Validação de mercado
Por fim, o produto deve ser submetido aos últimos testes antes de ser lançado de maneira oficial. É possível usar grupos focais de clientes que correspondam à persona do produto, que é um personagem fictício que representa um cliente ideal. Dessa forma, é possível ainda fazer ajustes antes de distribuir o novo item no mercado.
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