Indústria farmacêutica

Cannabis medicinal: O cenário no Brasil

Escrito por 21brz

02 MAI 2024 - 09H50

Apesar dos avanços regulatórios e do crescente interesse na cannabis medicinal no Brasil, a jornada rumo à sua plena aceitação e uso ainda enfrenta desafios significativos.

No entanto, essa planta tem se destacado como uma alternativa terapêutica promissora para uma variedade de condições médicas, despertando o interesse tanto de profissionais de saúde quanto de pacientes em busca de tratamentos eficazes e acessíveis.

Neste contexto dinâmico, o WNTC - We Need to Talk About Cannabis, emerge como um ponto crucial de encontro e discussão, oferecendo insights valiosos sobre o atual cenário da cannabis medicinal no Brasil e os caminhos que a indústria percorre para garantir sua qualidade e acessibilidade para a população.

Prepare-se para explorar as últimas tendências, regulamentações e inovações neste campo em constante evolução, enquanto mergulhamos no universo da cannabis medicinal no Brasil e além.

O que é cannabis medicinal?

A cannabis medicinal refere-se ao uso da planta Cannabis sativa, conhecida como matéria-prima da maconha, para fins terapêuticos. Nesse contexto, é extraído o composto químico canabidiol (CBD), que possui propriedades relaxantes e analgésicas.

É importante ressaltar que o CBD é separado do tetra-hidrocanabidiol (THC), uma substância tóxica e psicotrópica presente na cannabis.

Essa abordagem permite que apenas os componentes com real potencial terapêutico sejam utilizados na composição de medicamentos destinados ao tratamento de diversas condições de saúde, tais como dores crônicas e agudas de caráter neuropático, insônia, bronquite, epilepsia, entre outras.

A utilização da cannabis medicinal tem ganhado destaque devido à sua eficácia no alívio de sintomas em pacientes que não respondem satisfatoriamente a tratamentos convencionais. No entanto, é importante que seu uso seja realizado sob supervisão médica e em conformidade com a legislação local.

O que é o canabidiol?

O canabidiol, comumente conhecido como CBD, é um dos principais elementos ativos encontrados na planta Cannabis sativa, mais conhecida como maconha. Esta substância atua nos receptores do cérebro, impactando a comunicação entre os neurônios.

O CBD possui características distintas, destacando-se por seus efeitos ansiolíticos, antipsicóticos e anticonvulsivantes. Por conta dessas propriedades, o canabidiol é frequentemente utilizado como medicamento para tratar doenças degenerativas que afetam o sistema nervoso.

Quanto à sua administração, a forma oral é a mais comum de se consumir o CBD e pode ser realizada de duas maneiras principais:

• Sublingual: Neste método, o CBD é administrado sob a língua, permitindo que ele entre rapidamente na corrente sanguínea. Os efeitos costumam se manifestar em até 15 minutos após a administração.

• Ingestão: O CBD também pode ser consumido em forma de goma, cápsula, comprimido ou óleo, sendo engolido. Nesse caso, os efeitos tendem a demorar mais para se manifestar, porém podem durar mais tempo, alcançando até 4 horas de duração.

Ambas as formas de administração possuem suas vantagens e podem ser escolhidas de acordo com a preferência do paciente e a recomendação médica. No entanto, é importante ressaltar que o uso de CBD deve ser feito sob orientação médica e em conformidade com as regulamentações locais.

História da cannabis medicinal

A história da cannabis medicinal remonta a milhares de anos, com registros que remontam a civilizações antigas em várias partes do mundo.

Embora a compreensão científica de seus compostos ativos tenha ocorrido apenas no final do século XIX, a planta já era utilizada há muito tempo por diferentes culturas para uma variedade de propósitos medicinais, recreativos e religiosos.

O primeiro registro documentado do uso medicinal da cannabis remonta ao antigo Império Chinês, por volta de 2737 a.C. Na China antiga, a planta era empregada no tratamento de diversas condições, incluindo dores de cabeça, dores musculares e distúrbios mentais.

Além da China, outras culturas antigas também reconheceram o potencial terapêutico da cannabis. Na Índia, por exemplo, a planta era utilizada como remédio para dores, ansiedade e uma série de outros problemas de saúde. Registros históricos também evidenciam o uso medicinal da cannabis em culturas como a Persa, a Grega e a Romana.

Ao longo dos séculos, o conhecimento sobre as propriedades medicinais da cannabis se disseminou para diferentes regiões do mundo. Na Europa Ocidental, por exemplo, a cannabis foi mencionada em vários livros de medicina como um tratamento para dor, inflamação e outras condições de saúde.

Embora a compreensão científica e a regulamentação da cannabis medicinal tenham evoluído ao longo do tempo, é inegável a contribuição histórica da planta para o tratamento de uma variedade de doenças e condições médicas.

Nos tempos modernos, o interesse renovado na cannabis medicinal tem gerado uma ampla gama de pesquisas e debates sobre seu potencial terapêutico e seu papel na medicina contemporânea.

Aplicações da cannabis medicinal

A cannabis medicinal é amplamente utilizada no tratamento de uma variedade de condições de saúde. Algumas das principais aplicações incluem:

• Dor crônica: A cannabis pode ser eficaz no alívio da dor crônica associada a condições como artrite, fibromialgia e câncer, proporcionando alívio aos pacientes que sofrem com essas condições debilitantes.

• Depressão e ansiedade: Estudos sugerem que o uso da cannabis pode ser benéfico no tratamento da depressão e ansiedade, especialmente em pacientes com transtornos específicos, como transtorno de ansiedade social ou transtorno de ansiedade generalizada.

• Epilepsia: A cannabis tem demonstrado ser eficaz no tratamento de formas graves de epilepsia que não respondem a outros tratamentos convencionais, proporcionando uma nova esperança para pacientes que sofrem com crises recorrentes.

• Doenças neurológicas: A cannabis pode ser uma opção de tratamento para uma variedade de doenças neurológicas, incluindo esclerose múltipla, distúrbios do movimento, mal de Parkinson e dor neuropática, ajudando a melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados.

• Náusea e vômito: Em pacientes submetidos a tratamentos como quimioterapia, a cannabis pode ser útil no controle da náusea e vômito, proporcionando alívio e permitindo uma melhor tolerância aos procedimentos médicos.

• Glaucoma: A cannabis pode ajudar a reduzir a pressão intraocular elevada associada ao glaucoma, o que pode ajudar a prevenir danos ao nervo óptico e preservar a visão dos pacientes afetados por essa condição oftalmológica.

• Inflamação: A cannabis tem sido estudada por seu potencial no alívio da inflamação associada a condições como artrite e doenças inflamatórias intestinais, oferecendo uma alternativa de tratamento para pacientes que não respondem adequadamente a outras terapias.

Essas são apenas algumas das principais indicações para o uso da cannabis medicinal. No entanto, é fundamental ressaltar que a segurança e eficácia da cannabis como tratamento médico ainda são áreas de intensa pesquisa, e mais estudos são necessários para entender completamente seus efeitos na saúde.

A realidade da cannabis medicinal no Brasil

A realidade da cannabis medicinal no Brasil está passando por mudanças significativas, apesar das dificuldades culturais. A partir de maio, por exemplo, o governo do Estado de São Paulo iniciará a distribuição de medicamentos à base de canabidiol vegetal, um derivado da planta de maconha, através do Sistema Único de Saúde do estado.

Esses medicamentos serão disponibilizados para pacientes com indicação médica para tratar síndromes raras ou distúrbios neurológicos. A política de distribuição gratuita foi regulamentada em dezembro do ano passado, um ano após a sanção do projeto de lei pelo governador Tarcísio de Freitas.

O projeto, de autoria do deputado estadual Caio França, foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo em dezembro de 2022. A iniciativa visa atender uma variedade de condições médicas, incluindo epilepsia refratária, dor crônica, Alzheimer, ansiedade, Parkinson, entre outras, totalizando 26 condições médicas contempladas.

Para receber os medicamentos à base de cannabis, os pacientes devem atender a certos critérios, incluindo ter uma indicação médica, passar por acompanhamento periódico e seguir protocolos clínicos estabelecidos.

A liberação dos medicamentos só ocorrerá com a apresentação de uma receita preenchida e assinada pelo médico, e serão distribuídos exclusivamente nas farmácias especializadas do governo.

No Brasil, a Anvisa autoriza a importação de alguns medicamentos feitos com cannabis desde 2014. Em 2019, a entidade regulamentou a pesquisa, produção e venda de medicamentos à base de cannabis no país pela indústria farmacêutica, embora as plantas ainda precisem ser importadas do exterior.

Esses avanços representam uma mudança significativa na abordagem do Brasil em relação à cannabis medicinal, proporcionando acesso a tratamentos alternativos para pacientes que sofrem de diversas condições médicas.

No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados, como a garantia de acesso contínuo e a ampliação da pesquisa e produção nacional desses medicamentos.

WNTC: O congresso da Cannabis Medicinal

O WNTC - We Need to Talk About Cannabis, é um congresso reconhecido por trazer à discussão os avanços e desafios da indústria da cannabis medicinal no Brasil. Este congresso, que já está em sua 4ª edição, é considerado o mais completo sobre o tema no país.

O evento tem como objetivo principal abordar os caminhos que a indústria percorre para oferecer cannabis medicinal de qualidade à população, respeitando os rigorosos padrões técnicos que garantem a segurança e eficácia dos produtos para os pacientes.

Tradicionalmente, o WNTC acontecia em conjunto com a FCE Pharma, porém, este ano, será realizado em uma data e local diferentes. A edição de 2024 está programada para ocorrer no dia 25 de junho, no Espaço Aroeira, localizado na Torre Aroeira, em São Paulo.

Nesta edição, o WNTC acompanhará o progresso e a consolidação do setor da cannabis medicinal, explorando o desenvolvimento das políticas públicas relacionadas ao tema.

Com foco na promoção da pesquisa, atualizações regulatórias, acesso e fortalecimento do complexo produtivo de canabinoides, o evento buscará compreender como os órgãos governamentais e as instituições envolvidas estão atendendo às demandas da sociedade e como promover uma discussão mais estruturada para enfrentar os desafios atuais.

Com a participação de renomados profissionais do mercado, o WNTC 2024 promete ser uma oportunidade única para a troca de conhecimentos, networking e debates construtivos sobre o futuro da cannabis medicinal no Brasil.

A nova data e local foram escolhidos visando acomodar o grande sucesso e alcance do congresso, proporcionando uma experiência enriquecedora para todos os participantes interessados no tema. Conheça mais sobre o congresso.

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