O Talk Science conversou com o cônsul geral da Índia em São Paulo, Amit Kumar Mishra, para trazer informações atualizadas acerca da importância dos insumos do país para a indústria brasileira. A parceria entre as duas nações se fortaleceu nos últimos anos e ainda pode render boas perspectivas de crescimento ao Brasil.
A indústria farmacêutica é um dos principais setores que recebe a matéria-prima indiana, para atender à produção de antibióticos, analgésicos, estabilizadores de humor, contraceptivos orais, vacinas e outros medicamentos. Por isso, é necessário saber como a exportação desses materiais pela Índia se adaptou à pandemia do novo coronavírus.
A seguir, entenda a relevância de se estabelecer boas relações com os fornecedores da Índia para o processo produtivo brasileiro. Confira!
Afinal, por que importamos tantos insumos da Índia? Talk Science responde!
A parceria comercial entre a Índia e o Brasil tem sido ampliada nos últimos anos por meio da participação em acordos de cooperação. “A Índia e o Brasil compartilham uma Parceria Estratégica bilateral, baseada em visão global comum, valores democráticos compartilhados e um compromisso de promover o crescimento econômico com inclusão social para o bem-estar das pessoas dos dois países”, explica o cônsul geral.
Amit Kumar Mishra cita a ligação Brasil-Índia em fóruns plurilaterais, a exemplo do G20, que reúne líderes de países desenvolvidos e em desenvolvimento de todos os continentes. Ele aponta que outra relação que aproxima as nações é o BRICS, grupo composto por cinco grandes países emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
O cônsul geral afirma que “o Brasil é tradicionalmente o principal parceiro comercial da Índia na região da América Latina”. Alguns números ilustram bem a dimensão da associação entre os dois países. No ano passado, segundo ele, o comércio bilateral foi de US$ 7 bilhões.
Ele detalha que, em 2019, as exportações indianas alcançaram US$ 4,2 bilhões e as importações, US$ 2,7 bilhões. “A Índia era o décimo primeiro maior parceiro comercial do Brasil, o sétimo maior parceiro como destino de suprimentos e o décimo oitavo maior como mercado para as exportações brasileiras”, explica Amit Kumar Mishra.
O cônsul geral informa também que, nas últimas duas décadas, o Brasil se desenvolveu como um mercado importante para as exportações indianas em variados setores. Ele destaca principalmente a indústria de produtos farmacêuticos, químicos, têxteis e auto componentes.
Qual a importância dos insumos da Índia para o desenvolvimento da indústria brasileira?
A boa gestão da matéria-prima é importante para a indústria porque sem esses insumos da Índia não é possível fabricar novos produtos e atender às necessidades dos consumidores. Em março deste ano, a Índia chegou a limitar a exportação de ingredientes farmacêuticos, por conta dos efeitos da pandemia, no entanto, retomou os trabalhos em abril.
Amit Kumar Mishra afirma que “a força e a resiliência da indústria farmacêutica indiana e a posição da Índia como ‘farmácia do mundo’ foram revalidadas nos tempos de pandemia”. Segundo ele, a Índia estendeu a assistência humanitária a vários países com base em seus pedidos. Com isso, foram exportados medicamentos essenciais para salvar vidas, além de antibióticos, produtos médicos e outros equipamentos laboratoriais e hospitalares.
O cônsul geral evidencia a importância das relações comerciais com a Índia ao demonstrar que o país vendeu produtos farmacêuticos no valor de US$ 357 milhões para o Brasil apenas no ano passado. Conforme Amit Kumar Mishra, os fornecedores indianos venderam ainda quase US$ 1 bilhão em produtos químicos orgânicos, que são usados principalmente pela indústria farmacêutica local.
Entre os produtos exportados pela Índia, ele cita compostos como os das funções amina, nitrila e carboxiimida, além de ácidos carboxílicos. O cônsul geral salienta também a exportação de insumos da Índia para a indústria farmacêutica brasileira, o que inclui antibió ticos, analgésicos, estabilizadores de humor, contraceptivos orais, vacinas, estimulantes, entre outros.
Quais as vantagens da parceria Brasil-Índia a médio e longo prazo?
O estreitamento das relações com a Índia revela um cenário de bons horizontes ao Brasil nos próximos anos, seja para um período de médio prazo, seja para um período de longo prazo. Amit Kumar Mishra avalia que o vínculo Brasil-Índia tende a se expandir não apenas em volume financeiro, mas também em novos setores da economia.
“A Índia oferece muitas oportunidades econômicas como destino de suprimento e também como mercado”, explica o cônsul geral da Índia em São Paulo. Para se ter uma ideia do potencial de crescimento do país, ele menciona que o PIB da Índia cresceu dez vezes nas últimas três décadas.
“À medida que a Índia persegue a sua meta de economia de US$ 5 trilhões em curto prazo, abrirá novas oportunidades de comércio e investimento para as empresas brasileiras”, complementa.
Ele analisa que o comércio bilateral atual de US$ 7 bilhões é apenas uma parte da capacidade que é viável entre as duas nações. “Ainda existe um enorme potencial inexplorado para aumentar e diversificar o comércio”, pondera.
O cônsul geral relembra a visita de Estado do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, à Índia, em janeiro de 2020, quando os países concordaram em fortalecer a Parceria Estratégica. “Como resultado da visita do presidente Bolsonaro, há um interesse renovado nas comunidades empresariais de ambos os países em explorar oportunidades comerciais”, examina.
Amit Kumar Mishra aponta que esse potencial deve ultrapassar a compra de insumos e atingir o mercado de artigos acabados. “As empresas brasileiras devem explorar a Índia não apenas como fonte de insumos para a indústria local, mas também como fonte de produtos acabados de boa qualidade e custo competitivo”, declara.
Ele destaca como áreas promissoras para aumento do comércio e do investimento, entre outras, a indústria de produtos farmacêuticos e biotecnológicos; a agricultura e o processamento de alimentos; a indústria de metais raros; os serviços de tecnologia da informação; o setor de energia convencional e renovável.
Com base no que foi apresentado, é possível reforçar que as indústrias farmacêutica e química brasileiras são alguns dos principais setores que recebem a matéria-prima indiana. A parceria entre as duas nações foi consolidada nos últimos anos, por meio de acordos e participação em fóruns. Além disso, a ligação entre os dois países ainda tem potencial para crescer nos próximos anos.
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