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Laboratório cria remédio contra a obesidade com resultado semelhante ao da cirurgia bariátrica

Escrito por Talk Science

11 AGO 2022 - 06H00

Um medicamento experimental revolucionário pode ser um grande aliado das pessoas que sofrem com obesidade no mundo todo. Um experimento, realizado pelo laboratório Eli Lilly, localizado em Indianápolis, nos EUA, mostrou que pessoas obesas ou com sobrepeso conseguiram perder cerca de 22,5% de seu peso corporal, o que corresponde a cerca de 23,5 kg.

O estudo reuniu 2.539 participantes e teve como objetivo testar a segurança e eficácia do medicamento Tirzepatide que imita a ação de um hormônio chamado peptídeo inibidor gástrico (GIP). Os primeiros estudos descobriram que esta nova molécula tem uma dupla ação nos receptores GLP-1 e GIP, levando à diminuição na ingestão de alimentos e ao aumento no gasto de energia.

O experimento reuniu participantes de nove países com peso corporal médio de 105 quilos e IMC (Índice de Massa Corporal) de 38, considerado “obesidade severa”. Os participantes foram aleatoriamente divididos em quatro grupos que tomaram, via injeção subcutânea semanal, o Tirzepatide nas dosagens de 5 mg, 10 mg, 15 mg e um que foi medicado com placebo.

Todos os participantes também seguiram uma dieta de redução de calorias e passaram a se exercitar.

A maioria das pessoas no estudo não se qualificava para a cirurgia bariátrica, que é reservada para pessoas com IMC acima de 40 ou aquelas com IMC de 35 a 40 com apneia do sono ou diabetes tipo 2. O risco de desenvolver diabetes é maior para os obesos. Como a obesidade é uma condição médica crônica, os pacientes precisariam tomar Tirzepatide por toda a vida, como fazem com medicamentos para pressão arterial ou colesterol, por exemplo.

Segundo Louis J. Aronne, diretor do programa abrangente de controle de peso do Weill Cornell Medical Center e coordenador do estudo, após 72 semanas, aqueles que tomaram a dose mais baixa perderam uma média de 16% de seu peso corporal, enquanto aqueles que tomaram a dose mais alta perderam 22,5% e ficaram com o IMC um pouco abaixo de 30. Isso significa que eles saíram da classificação de "obesidade", definida por IMC igual ou superior a 30, para "sobrepeso". Os participantes que usaram placebo perderam apenas 2,4% do peso corporal.

Os resultados preliminares do uso do medicamento para o tratamento da obesidade foram considerados superiores ao da semaglutida, cujos testes clínicos foram considerados “revolucinários”. A semaglutida é um medicamento inicialmente desenvolvido para o diabetes que, no ano passado, teve seu uso aprovado pela Administração Federal para Drogas e Alimentos dos Estados Unidos (FDA) para sobrepeso e obesidade.

O laboratório Lilly disse que vai continuar a avaliar os resultados do estudo para desenvolver o novo tratamento para a obesidade.

OBESIDADE NO MUNDO

Segundo estudo do Atlas Mundial da Obesidade, o mundo deve registrar cerca de um bilhão de pessoas obesas até o ano de 2030. Ou seja, 17,5% de toda população do planeta sofrerá com a doença. Os dados mostram que uma a cada cinco mulheres será obesa, enquanto um a cada sete homens sofrerá com o quadro daqui a oito anos.

Esse estudo mostra também que 29,7% da população adulta do Brasil viverá com a obesidade em 2030, o que significa que quase um terço dos brasileiros será obeso. E o alerta já vem sendo dado: o Brasil está entre os 11 países onde vivem metade das mulheres obesas do mundo e entre as 9 nações que abrigam metade dos homens obesos. Um ponto agravante – e que colaborou para esse aumento – foi a pandemia de Covid-19. Nesse período de dois anos de isolamento social, aumentou consideravelmente o número de brasileiros com sobrepeso, segundo dados do Ministério da Saúde.

Dieta e exercício combinados com medicamentos disponíveis para emagrecimento, geralmente produzem uma perda de peso de cerca de 10% nos pacientes. Isso é suficiente para melhorar a saúde, mas não para fazer uma grande diferença na vida das pessoas obesas. Outro tratamento disponível é a cirurgia bariátrica, que pode resultar em emagrecimento substancial. Mas muitas pessoas são inelegíveis ao procedimento ou simplesmente não querem se submeter à operação.

Fonte: Estadão, O Globo, Guia da Farmácia e Yahoo News

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