O mercado de cannabis medicinal no Brasil vive um momento de expansão acelerada. Durante o Congresso WNTC (We Need To Talk About Cannabis), realizado na FCE Pharma, principal feira da indústria farmacêutica da América Latina, especialistas da empresa de pesquisa Kaya Mind revelaram que os produtos regulados pela RDC 327/2019 movimentam entre R$ 22 e 27 milhões por mês em vendas nas farmácias brasileiras.
A norma da Anvisa, que autoriza a venda de produtos à base de Cannabis com prescrição médica, tornou-se um dos principais eixos de discussão científica, regulatória e comercial nos últimos anos. Com previsão de ser revisada ainda este ano, a RDC 327 estava em consulta pública até o dia 2 de junho e recebeu mais de 1400 contribuições (CP nº 1.316/2025).
Entre as principais propostas da revisão, estão novas vias de administração (dérmica e sublingual), permissão para prescrição por dentistas, registro simplificado para produtos com até 0,2% de THC (tetrahidrocanabinol), manutenção das Boas Práticas de Fabricação (BPF) com novas regras de importação de IFA, renovação de autorizações por até cinco anos com estudos clínicos, além do incentivo ao uso de CBD (canabidiol) purificado para manipulação.
“A expectativa é que o novo texto permita maior segurança regulatória, incentive a intercambialidade entre produtos e amplie o uso de canabinóides no tratamento de diversas condições de saúde. A proposta visa tornar o mercado mais acessível, previsível e atrativo para a indústria”, explica Thiago Cardoso, fundador e chefe de inteligência da Kaya Mind.
Planta conquista espaço nas prateleiras farmacêuticas
Segundo a empresa de pesquisa, as perspectivas de mercado também são positivas. Em um ano, o segmento regulado movimentou R$ 237,9 milhões - um crescimento acumulado de 40% desde maio de 2024. Atualmente, 35 apresentações de produtos estão disponíveis nas farmácias, sendo que cinco empresas concentram 80% das vendas.
“O interessante é que a região sudeste ainda concentra mais da metade do volume de vendas. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais lideram os pontos de dispensação, demonstrando forte regionalização, mas um grande potencial de expansão para outras áreas do país”, acrescenta Cardoso.
Nova proposta amplia fronteiras para o setor
As implicações da revisão da RDC 327 ganharam destaque ainda nas discussões técnicas do Congresso, sobretudo no contexto dos impactos da Consulta Pública nº 1.316/2025. Para João Paulo Perfeito, gerente de medicamentos específicos, notificados, fitoterápicos, dinamizados e gases medicinais (GMESP) da Anvisa, os caminhos para o desenvolvimento da cannabis medicinal no Brasil são promissores.
“A nova proposta autoriza a importação, para fins de pesquisa, desenvolvimento, distribuição e fabricação de extratos da planta cannabis sativa, fitofármacos com CBD e produtos industrializados a granel. Isso representa um avanço estratégico para fortalecer a cadeia produtiva nacional, garantindo maior previsibilidade para os agentes regulados e ampliação do acesso da população a tratamentos seguros”, afirma o especialista.
Para Carolina Sellani, coordenadora do Grupo de Trabalho de Cannabis da Abiquifi (Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos), esse é um primeiro passo para algo ainda maior. “Nada impede que, no futuro, voos mais altos sejam alcançados, superando os gargalos ainda existentes hoje na relação entre médicos, veterinários, dentistas e pacientes. A expectativa é que a atualização da regulamentação consolide o Brasil como um dos principais players no mercado de cannabis medicinal”.
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