Indústria de química analítica

Impressão 3D com foco na química analítica foi tema de abertura do Congresso Científico na Analitica Latin America 2023

Uso forense e detecção de defensivos agrícolas na produção de mel foram algumas das aplicações apresentadas pelos palestrantes

Escrito por Talk Science

26 SET 2023 - 19H54

O segmento que envolve a impressão 3D evolui no mundo todo em ritmo acelerado. De acordo com um estudo publicado pela Markets and Markets, empresa global de pesquisa de mercado, o volume de recursos movimentados pela atividade deve crescer de US$12,6 bilhões, registrados em 2021, para US$34,8 bilhões em 2026. No Brasil, infelizmente, faltam estatísticas, mas o que não falta é empenho em desenvolver pesquisas usando essa modalidade de impressão.

É o que ficou demonstrado na primeira palestra da 9ª edição do Congresso Analitica e ENQA, evento realizado simultaneamente à principal feira do setor de indústria química analítica da América Latina, que começou nesta terça-feira (26), em São Paulo. O professor do Instituto de Química da Universidade Federal de Uberlândia, Rodrigo Muñoz, falou sobre como a impressão 3D já é utilizada hoje, dentro dos laboratórios, e apontou uma das principais vantagens do seu uso. “Nós conseguimos imprimir materiais e peças, por exemplo, mas é um universo muito vasto. E, para além de todas as aplicações possíveis, a redução nos custos é de até 50 vezes, quando comparamos com métodos tradicionais de análise”, afirma.

Um dos destaques da palestra foi a apresentação de uma pesquisa, feita em conjunto com as Polícias Federal e Civil, e auditada pelo Inmetro, com o uso de um eletrodo todo produzido em impressão 3D, que permite a análise de resíduos de armas de fogo na mão de possíveis atiradores. “Atualmente, os testes feitos dão margem para o chamado “falso positivo”. Com o equipamento 3D que construímos, melhoramos a eficiência dessas análises. É um método que não substitui o tradicional, mas é algo que garante uma resposta na hora, reduzindo os erros e desafogando a demanda dos institutos forenses”, complementa Rodrigo.

Bruno Janegitz, docente da Universidade Federal de São Carlos e que também participa de grupos que estudam a aplicação da impressão 3D na eletroquímica, apresentou mais usos aos congressistas, incluindo um dispositivo que foi capaz de detectar defensivos agrícolas no mel. “Nós imprimimos um equipamento em formato de colmeia, com seis eletrodos, e a partir da análise de uma solução aquosa, conseguimos verificar se o alimento estava apropriado para consumo ou não”, explica.

Recém-formado em Química pela Universidade de Brasília, Guilherme Gonçalves acompanhou a palestra. Ele atua na área, mas veio atrás de mais conhecimentos. “Quando já usamos esse tipo de equipamento, angariamos experiência, principalmente, na parte de modelagem, mas o interessante é justamente ver que há muitos horizontes a serem explorados, como eles mostraram aqui”, comenta o jovem.

Sustentabilidade

Economia circular e reutilização de materiais foram alguns dos aspectos mais abordados durante a palestra. Um dos objetivos dos pesquisadores é fazer com que o Brasil seja um fabricante dos filamentos que são usados nas impressoras 3D, diminuindo a dependência do mercado internacional. E a ideia é produzi-los a partir de cápsulas de café e até garrafas pet. “Nós crescemos convivendo com o plástico e agora ele se tornou um vilão. Precisamos buscar alternativas”, finaliza Rodrigo Muñoz.

A Analitica Latin America é um dos principais eventos do calendário para a indústria química analítica e reúne fornecedores, distribuidores, fabricantes e pesquisadores em busca de novidades e tendências nas áreas de tecnologia laboratorial, biotecnologia, farmacêutica, cosmética, alimentícia, petroquímica, agronegócio, entre outras. O evento vai até a quinta-feira, 28 de setembro. Garanta sua vaga clicando aqui.

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