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O que são deep techs

E como gerar resultados por meio da inovação aberta

Escrito por Talk Science

28 JUN 2022 - 10H54 (Atualizada em 29 JUN 2022 - 10H46)

Definimos deep techs como tecnologias baseadas em “ciência dura” (hard science), capazes de resolver problemas atuais de alto valor agregado ou construir as organizações do futuro. Embora essas soluções também possuam riscos científico e tecnológico em adição ao risco de mercado, são capazes de entregar um retorno acima da média ou proporcionar liderança de mercado para as empresas que investem.

Inicialmente, o conceito de deep tech foi cunhado em 2014 pela Swati Chaturvedi, definindo como empresas fundadas em uma descoberta científica ou verdadeira inovação tecnológica. Mas apesar de recente, o termo “deep techs” vem evoluindo e recebido diversos outros significados, como startups que possuem risco científico para seu produto funcionar (Nathan Benaich) ou tecnologias que adicionam ao risco ou descoberta científica o fator de soluções aos desafios fundamentais do mundo e aos problemas significativos (Joshua Siegel e Sriram Krishnan; e J. Siota e Prats).

Do ponto de vista de inovação aberta, as deep techs são encaradas como inovações que só geram valor para setores ou empresas que possuem as áreas de P&D profundamente estruturadas, visando o longo prazo e necessitando de dezenas de milhões de dólares de investimento. No entanto, essa visão vem sendo desconstruída e está permitindo a muitas empresas acessar uma nova camada de inovação e criar vantagens competitivas únicas, uma vez que as deep techs podem entregar valor focadas no negócio atual ou na renovação do modelo de negócios, independente da estrutura de P&D da empresa.

Quando cruzamos as perspectivas de horizonte do resultado (curto ou longo prazo) e foco estratégico (atual ou futuros negócios), pode-se utilizar deep techs para resolver problemas complexos atuais do negócio (solução de problemas), aumentar a entrega de valor de um produto (melhoria da proposta de valor), expandir rapidamente os modelos de negócios (expansão do modelo de negócios) ou construir o futuro da organização (renovação corporativa). Em resumo, as deep techs são ferramentas de inovação aberta que podem ser utilizadas para alcançar os resultados estratégicos das organizações, sejam aqueles endereçados para melhoria dos produtos atuais ou aqueles focados no futuro da empresa.


Figura: Alinhamento da inovação aberta com deep techs à estratégia organizacional


Exemplos práticos da aplicação do conceito?

Seguindo a matriz de da inovação aberta com deep techs à estratégia corporativa, temos os seguintes exemplos brasileiros para cada quadrante do modelo:

  • Solução de problemas - BRF: a BioLambda é uma startup que possui uma tecnologia que utiliza uma modelagem preditiva e luz UV para eliminar até 99,9% de bactérias e microorganismos. Essa tecnologia foi endereçada para a descontaminação das esteiras de transporte de carcaça de frango nas fábricas da BRF, reduzindo o custo de limpeza e aumentando a segurança dos alimentos da empresa.
  • Melhoria da proposta de valor - Ferring Pharmaceuticals: as soluções para reposição hormonal para realização de Fertilização In-vitro (FIV) são eficazes, porém não amigáveis sob o ponto de vista da paciente devido a aplicação recorrente, uso prolongado e vazamento durante seu uso. Por isso, a empresa buscou deep techs em universidades e startups que pudessem propor essa melhoria no produto e entregar uma melhor experiência para a mulher em tratamento.
  • Expansão do modelo de negócios - Stoller: buscando novas linhas de negócios e o alinhamento aos conceitos de ESG, a Stoller realizou a aquisição da Rizoflora, uma spin-off da Universidade Federal de Viçosa que possuía soluções biocompatíveis de alta qualidade e eficácia no combate às pragas agrícolas.
  • Renovação corporativa - Biolab: com o objetivo de desenvolver um medicamento para náuseas e vômito que dissolva na boca e tenha o menor custo que os concorrentes no Brasil, a Biolab uniu-se ao laboratório da USP liderada pelo prof. Humberto Ferraz no desenvolvimento do Vonau Flash. O medicamento tomou a liderança de anos do Plasil, tendo atualmente 40% do mercado frente à 10% do concorrente direto.

Daniel Pimentel - Diretor de Universidades e Transferência de Tecnologia
Lucas Delgado - Diretor de Projetos e Novos Negócios 

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