A cannabis medicinal vive um momento de expansão acelerada no Brasil. Em 2024, foram registrados 672 mil pacientes, um crescimento de 56% em relação a 2023, segundo dados da Kaya Mind, plataforma de inteligência de mercado no setor da cannabis. Apesar do avanço, o setor ainda enfrenta desafios significativos, como os altos custos e a dependência de extratos importados.
Para discutir os caminhos da cadeia produtiva nacional e os entraves regulatórios, o tema foi destaque em uma mesa-redonda durante o 10º Congresso Analítica, realizado dentro da Analitica Latin America, o maior encontro do setor químico analítico da América Latina, promovido pela NürnbergMesse Brasil.
O debate reuniu representantes de peso, como Carolina Sellani, coordenadora do grupo de trabalho sobre insumos de cannabis da ABIQUIFI; Allan Rossini, supervisor de pesquisa, desenvolvimento e produção farmoquímico da FarmaUSA, indústria farmacêutica especializada em canabinoide; e Ubiracir Fernandes Lima Filho, coordenador do Comitê de Apoio à Cadeia Produtiva de Insumos Químicos (CAIQ).
Entre os principais pontos, os painelistas destacaram a necessidade de investimentos em profissionais qualificados e em sistemas rigorosos de controle de qualidade. “Precisamos de especialistas preparados para atuar nesse mercado”, reforçou Ubiracir Fernandes. Allan Rossini lembrou que a química analítica permeia toda a cadeia: “Ela é essencial desde o mapeamento da planta até o produto final. O método de extração, por exemplo, impacta diretamente a composição dos canabinóides presentes no extrato”.
Regulação e avanços no mercado
A regulação também esteve no centro do debate. Sellani recordou que, até 2019, não havia normas específicas sobre a cannabis no Brasil. “Desde a década de 70 não tínhamos uma regulamentação. Quando a ANVISA autorizou o uso medicinal de produtos à base de cannabis foi um marco para a indústria”, avaliou Carolina, representante da ABIQUIFI.
Entre os avanços recentes, a especialista destacou a decisão do STJ, de novembro de 2024, que autoriza o cultivo industrial do cânhamo para fins medicinais. A medida pode abrir espaço para produção nacional e redução de custos. A ANVISA, por sua vez, tem até 30 de setembro deste ano para publicar uma resolução detalhando requisitos de cultivo, controle e qualidade.
A pesquisadora Júlia Petenon, da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), acompanhou o painel e avaliou: “A discussão trouxe um olhar amplo, unindo ciência, regulação e mercado. É um tema que ainda desperta muitas dúvidas, mas eventos como esse mostram o quanto a pesquisa em cannabis tem espaço para crescer no Brasil”.
A 10ª edição do Congresso Analitica Latin America reúne os principais especialistas da química analítica do Brasil para discutir tendências e inovações nos setores de alimentos, farmacêutico, energias alternativas, química verde e controle de qualidade de combustíveis. A programação segue disponível para profissionais dessas áreas até amanhã, das 14h às 19h.
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