Uso de smartphones e drones no setor analítico é destaque em congresso internacional

A Analitica Latin America, o principal evento voltado a empresas, especialistas e profissionais do setor de química analítica da América Latina, está sendo realizada no São Paulo Expo, em São Paulo, até a próxima quinta-feira (25). Simultaneamente ao evento, ocorre o 10º Congresso Analitica que, nesta edição, contempla os três dias do encontro. Toda a programação de conteúdo é resultado da curadoria feita pela organização da feira, pelo ENQA (Encontro Nacional de Química Analítica) e pela Sociedade Brasileira de Química.

Um dos destaques desta terça-feira (23) foi a palestra “From Smartphones to Smart-Drones for analytical purposes” ou “O uso de smartphones e drones de maneira inteligente para fins analíticos”, em tradução livre, conduzida por Vagner Bezerra dos Santos, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Durante o painel, discutiu-se o desenvolvimento de pesquisas que utilizam smartphones e drones para além de suas funções tradicionais. Esses dispositivos foram apresentados como ferramentas de monitoramento, tratamento e coleta de dados, configurando-se como alternativas acessíveis, de baixo custo e ágeis para análises de amostras de ar e água, com o objetivo de identificar poluentes ou agentes nocivos ao meio ambiente e à saúde. A proposta acelera os processos e contribui para reduzir impactos ambientais e riscos à população. A ideia veio através da observação de praias poluídas no Nordeste, que são afetadas pelo turismo em massa.

“Com o uso desses aparelhos, reduz-se a quantidade de amostras necessárias e as informações captadas podem ser transmitidas em menos tempo. Isso permite aos pesquisadores analisarem os dados de forma mais rápida e assertiva”, explica o especialista.

A agilidade trazida pela utilização dos smartphones e drones nesse processo impacta diretamente na qualidade de vida das pessoas. “Precisamos dar respostas mais céleres e eficientes. A sociedade precisa saber se a água a qual tem contato é ruim, por exemplo. Esse tipo de laudo não pode demorar para sair”, complementa o painelista.

Paulo Aguiar de Souza, químico industrial formado pela UFPE, comentou o que achou da palestra. “Essa abordagem vai além do que normalmente se entende por analítica e resolve uma dor de cabeça em processos de amostragem complexos. O estudo conseguiu padronizar a coleta e aplicar a tecnologia para otimizar todo o procedimento. Isso gera um ganho significativo para o poder público, por exemplo, acelerando a avaliação de nossos corpos hídricos e trazendo benefícios concretos para a sociedade como um todo”.

Premiação

Durante o primeiro dia do Congresso, alguns trabalhos científicos foram premiados, após passarem por avaliação de uma comissão de especialistas. Os três primeiros lugares receberam R$ 2.500, R$ 1.500 e R$ 1.000, respectivamente. Os valores são convertidos em créditos a serem usados por serviços oferecidos pela NMB Travel.

Crédito: GN2 Conteúdo

Em primeiro lugar, ficou Davi Farias, responsável pelo projeto “Tunable mass transport and enhanced electrochemical performance of CO, laser-engraved electrodes”, que trata do desenvolvimento de plataformas eletroquímicas para o sensoriamento de moléculas de interesse. A ideia é produzir dispositivos que vão ajudar no monitoramento de amostras específicas, auxiliando a solucionar questões ambientais e de saúde pública, por exemplo.

“A feira tem um papel bastante importante, porque produz e avalia o conhecimento, expondo diferentes tecnologias, para além do interesse comercial. É uma ótima forma de encontrar investimento externo além do governo”, opinou o cientista.

Em segundo lugar, ficou o estudo de Higor Oliveira: "Fluorescência de raios X como técnica de caracterização na produção de um material de referência de lodo doméstico”. E em terceiro lugar, o projeto “Catalítico explorando vídeos digitais para a determinação sequencial de cobre e sacarose em cachaça”. O cobre é um contaminante que pode causar problemas de saúde quando consumido em altas quantidades e a sacarose muitas vezes é usada além do valor limite estabelecido para mascarar o sabor de outros componentes que podem estar presentes na bebida. A ideia é propor um método acessível e assegurar aos pequenos produtores de cachaça uma alternativa de baixo custo que mantenha um controle de qualidade eficiente.

“Poder proporcionar um espaço para a apresentação de trabalhos tão promissores é uma das partes mais gratificantes do evento. É ótimo ver ideias inovadoras ganhando visibilidade, conectar pesquisadores e empresas, e perceber o impacto real dessas soluções no avanço do setor e nos benefícios que podem trazer para a sociedade”, conclui Viviane Ferreira, head do portfólio Life Science da NürnbergMesse Brasil, promotora da feira.